Emergência fitossanitária segue no Paraná para combate ao Greening
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O Paraná
continua em situação de emergência fitossanitária para combater o Greening,
principal praga que afeta os citros no mundo. O Decreto 4502 ,
com esse teor, foi publicado no final de dezembro 2023 e segue com validade por
180 dias, devendo as ações serem implementadas e executadas neste período. O
objetivo é trazer maior agilidade e efetividade para o controle da doença e de
seu vetor, o psilídeo Diaphorina citri Kuwayama, possibilitando, inclusive, a
adoção de medidas administrativas excepcionais.
“Os
agricultores fazem atividade a céu aberto e estão sujeitos a várias
interferências naturais, que podem ser climáticas ou doenças e pragas”, disse o
secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. “O
decreto de emergência fitossanitária é um instrumento drástico, mas nos dá
possibilidade de tomar as medidas necessárias de forma mais efetiva na
tentativa de controlar o problema, pois a citricultura é uma atividade muito
importante para o Estado”.
A
erradicação de plantas doentes, o tratamento do toco para evitar brotações,
seguida de plantio de mudas sadias provenientes de viveiros registrados e o
controle eficiente do inseto com produtos biológicos e químicos são algumas das
boas práticas. Desde a detecção de aumento anormal da doença, o Estado juntou
forças para ações de prevenção e controle do greening, também conhecido como
HLB (Huanglongbing) ou amarelinho.
Em julho
de 2023 foi organizada a Câmara Técnica do HLB/Greening no Paraná, reunindo
Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Instituto do Desenvolvimento
Rural (IDR-Paraná), Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB),
cooperativas, prefeituras municipais, responsáveis técnicos e representantes do
setor produtivo, para o alinhamento de estratégias e elaboração de uma Plano de
Ação conjunto para enfrentamento da praga.
As metas
do Plano de Ação incluem atividades na área da comunicação, para que as
informações sobre o combate à doença sejam disseminadas no campo; proibição do
comércio irregular de mudas cítricas, que são vias de disseminação de pragas e
fomentam a implantação de pomares sem acompanhamento técnico adequado; o
controle do inseto vetor Diaphorina citri; o levantamento da incidência de HLB;
e a eliminação de plantas doentes.
“O
Decreto de declaração de situação de emergência fitossanitária possibilita
também uma maior efetividade na execução das ações previstas no plano” afirma
Juliano Galhardo, coordenador do Programa de Certificação, Rastreabilidade e
Epidemiologia Vegetal.
SEM CURA – Ainda não há cura conhecida para a doença
do greening. A erradicação das plantas contaminadas e boas práticas de controle
do psilídeo são as medidas mais efetivas de controle da doença. Em vários
municípios das regiões afetadas, as prefeituras e o setor produtivo entraram
com determinação no processo e organizaram forças-tarefa para erradicar plantas
hospedeiras contaminadas em propriedades rurais e urbanas, pois o inseto vetor
que se multiplica nesses locais pode voar por vários quilômetros e recontaminar
os pomares comerciais. Ao mesmo tempo, esforços de fiscalização são realizados
para banir a venda de mudas clandestinas, cuja venda é proibida no Paraná.
Divulgação
/ Foto: Adapar
DOENÇA – O HLB ou greening dos citros é uma praga
importante devido à severidade, rápida disseminação e dificuldades de controle.
A bactéria
Candidatus
Liberibacter spp é o agente causal do HLB. A doença afeta plantas de praticamente
todas as espécies cítricas, além da murta (Murraya paniculata), Fortunella spp.
e Poncirus spp., e é transmitida pelo psilídeo asiático dos citros Diaphorina
citri Kuwayama.
O
greening afeta seriamente as plantas cítricas provocando queda prematura dos
frutos, que resulta em redução da produção e pode levar à morte precoce. Além
disso, os frutos ficam menores, deformados, podendo apresentar sementes
abortadas, açúcares reduzidos e acidez elevada, o que deprecia o seu sabor,
diminuindo a qualidade e o valor comercial, tanto para consumo in natura como
para processamento industrial.
BOAS PRÁTICAS – Uma das práticas para evitar a doença é o
plantio de mudas sadias, de qualidade e oriundas de viveiros registrados. No
Paraná o comércio de plantas por venda ambulante é proibido. O controle do
psilídeo também pode ser feito com a Tamarixia radiata, uma vespa parasitóide
criada em laboratório, incluindo o do IDR-Paraná.
No campo
as Tamarixia buscam os ninhos da Diaphorina citri para se reproduzir.
Depositam
seus ovos embaixo das ninfas (forma jovem), que servirão de alimento para as
larvas. Cada vespinha pode eliminar até 500 psilídeos. Com isso promovem a
redução no número dos vetores e da incidência da doença. O uso desse componente
biológico, que é uma alternativa complementar de combate ao greening, também
implica em menor aplicação de inseticida.
A boa
adubação, irrigação de qualidade e cobertura vegetal também são boas aliadas
para o desenvolvimento rápido da planta, reduzindo a exposição ao inseto, visto
que a transmissão é mais comum em brotos que em folhas adultas. O monitoramento
e controle do inseto vetor deve ser realizado de acordo com recomendações
técnicas, instalando-se armadilhas amarelas e contagem a cada sete dias.
As
pulverizações em intervalos que respeitam as orientações agronômicas são
importantes, prevendo-se uso de inseticidas químicos e biológicos com
eficiência comprovada. Também é imprescindível a rotação dos grupos químicos
dos inseticidas, que devem ser aplicados com todas as técnicas que eliminem
possibilidades de deriva.
Com o
decreto, a erradicação do HLB pelos Poderes Públicos Estadual e Municipal, em
áreas públicas ou particulares, e pelos proprietários de estabelecimentos
rurais ou urbanos torna-se obrigatória, inclusive em Áreas de Preservação
Permanente ou Reserva Legal, independentemente de prévia autorização ou
pagamento de taxa.
VBP – A área ocupada pela citricultura no Paraná é de
aproximadamente 29.200 hectares, sendo 20.700 ha de laranjas, 7.000 ha de
tangerinas e 1.500 ha de lima ácida tahiti. O Valor Bruto da Produção da
citricultura, levantado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Seab,
somou em 2022 R$ 826,8 milhões com produção de 842,4 mil toneladas de frutos.
Destacam-se
os municípios de Paranavaí, Alto Paraná, Guairaçá, Nova Esperança e Cruzeiro do
Oeste, com produção de laranjas; Altônia, com produção de limas ácidas, e os
municípios de Cerro Azul e Doutor Ulisses, com a produção de tangerina ponkan.
Divulgação / Foto: Adapar
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