China passa a permitir três filhos por casal e impacto da “nova política” provoca questionamentos
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© Ana Cristina Campos/Agência Brasil
O
governo chinês anunciou hoje (31) que vai ampliar os limites da natalidade,
passando a permitir três filhos por casal. A medida tem como objetivo combater
o rápido envelhecimento da população, após os resultados dos últimos censos
terem demonstrado um declínio dramático na taxa de natalidade no país mais
populoso do mundo.
Ao fim
de mais de 30 anos em vigor, a China aboliu, em 2016, a política do filho
único. Os casais chineses passaram a ser autorizados a ter dois filhos, mas
essa nova medida não conseguiu levar a um aumento sustentado da natalidade no
país devido ao alto custo de vida nas cidades chinesas.
Segundo
os resultados dos últimos censos, publicados em 11 de maio, a população chinesa
cresceu ao ritmo mais lento das últimas décadas. Em média, houve um crescimento
anual de 0,53% ao longo dos últimos dez anos, abaixo dos 0,57% registrados
entre os anos 2000 e 2010. Os censos preveem que a população chinesa pode
começar a cair já a partir do próximo ano.
Por
esse motivo, o presidente chinês, Xi Jinping, anunciou “medidas para responder
ao envelhecimento da população”, principalmente a ampliação dos limites da
natalidade para três filhos por casal.
Segundo
anunciou a Xinhua, a agência de notícias oficial chinesa, a mudança de política
será acompanhada por “medidas de apoio, que irão melhorar a estrutura
populacional do país, cumprindo a estratégia de lidar ativamente com o
envelhecimento da população e manter a vantagem na dotação de recursos
humanos”.
O
governo chinês também concordou com o fato de a China precisar aumentar a idade
de reforma para manter mais pessoas no mercado de trabalho e melhorar as
pensões e os serviços de saúde.
Segundo
os últimos recenseamentos, a população em idade reprodutiva diminui a um ritmo
acelerado, enquanto a faixa etária dos 65 anos aumenta exponencialmente. Alguns
investigadores chineses calculam que o número de pessoas em idade reprodutiva
caia para a metade em 2050. Isso aumentaria a “taxa de dependência”, ou seja, o
número dos que dependem de cada um trabalhar para gerar receita a fim de pagar
as pensões, os impostos de saúde e outros serviços públicos.
Impacto da nova política
Alguns
especialistas permanecem céticos em relação à nova medida, lembrando que a
abolição da política de filho único teve pouco impacto no aumento da
natalidade. Segundo os censos, o número de nascimentos caiu de 18 milhões em
2016 para 12 milhões em 2020.
Os
casais explicam que são desencorajados a ter mais filhos pelo alto custo de
vida, pela interferência nos seus empregos e pela necessidade de cuidarem dos
pais idosos.
“Se o
relaxamento das políticas de natalidade fosse eficaz, a atual política de dois
filhos por casal deveria ter provado a sua eficácia”, disse o economista Hao
Zhou à agência Reuters.
“As
pessoas são desencorajadas não pelo limite de dois filhos, mas pelos custos
incrivelmente altos de criar filhos na China. Habitação, atividades extracurriculares,
comida, viagens e tudo o mais contribui para esse custo”, explica Yifei Li,
sociólogo da NYU Xangai.
“Quem
quer ter três filhos? Os jovens podem ter dois filhos no máximo. A questão
fundamental é que o custo de vida é muito alto”, reitera Hao Zhou.
O
número médio de filhos por casal caiu de mais de seis, na década de 60, para
menos de três em 1980. Em 2020, o número médio de filhos por cada mulher
chinesa era de 1,3.
Agência Brasil, com RTP
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